Perversões

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Beija flor

Era um vez um homem. Um homem muito Homem. Vivia sozinho e sem plantas. Nem um alho germinado, pois apodreciam antes de gerar o talo branco e verde - o mesmo acontecia às cebolas. Não era infeliz, apenas Era.

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Revolução
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Na noite em que a revolução estava marcada a minha ânsia de liberdade era diminuta. Por vezes o sentimento de clausura é desejado, tal como uma ave, que se cobre com as asas e adormece num casulo de penas. Indiferente ao que sinto saiu de casa.

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Violeta

Violeta, tinha uns lindos olhos, maquilhados em tons lilás. Os seus seios, jovens e firmes, delicados e encantadores, despertavam nos homens um desejo de proteção. Diria mesmo que, no fundo do inconsciente, as mazelas freudianas com as quais todos nascemos e vivemos, sobressaiam à flor da pele. A sua - a pele - era de brancura imaculada, assemelhava-se a lençóis virginalmente brancos e perfumados.

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Espirros e balelas

Bebemos e dançámos até às três da manhã. Não estávamos bêbados.

Quando o silêncio ocupou o lugar da música, pedi-lhe um cigarro e um beijo. Um beijo no canto da boca como que numa provocação acidental. Sorrimos. Dissemos adeus.

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Pensos rápidos

Não fico horas em frente destas folhas em branco. Arranco as palavras como um penso rápido. A ferida não sarou, mas isso não impede que esteja disposta a suportar a dor. Rápida e voraz. Nervos excitados e pele dorida. Essa é a forma como vivo. A vida deve ser assim. Rápida e com pequenas pontadas de dores que nos dilatam as pupilas. Há quem diga até que é uma droga, uma droga viciante mas não sustentável. Não pensaremos no seu fim, nem no limite de tempo que dispomos, até que a trip passe.

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A tua história
Podcast

Terminei a tua história.

Para dizer a verdade nem foi muito difícil. Recordas-te quando voltámos do Porto e tu estavas cansada. Foste para a cama cedo. Nessa noite, sentei-me ao computador e comecei a escrever. Bebi vinho. Fiz várias pausas entre parágrafos e espreitei-te, deitada, dormindo pacificamente. Com o olhar, percorri as tuas pernas descobertas e as tuas cuecas, brancas e justas à pele. Por vezes respiravas fundo. Mexias-te ligeiramente ou coçavas o rabo e eu voltava a sentar-me ao computador. Fiz quase uma directa mas terminei.

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Das profundezas

Apesar de sentir atracão pelas profundezas, não era mineiro nem mergulhador, aliás, nem sabia nadar. Nunca tinha visto o mar. Falo das profundezas da alma. Das caves mais escondidas da mente sem alquimia ou esoterismo, entenda-se! Falo dos cantos mais recônditos, onde os sonhos nascem como pequenas fontes, onde as memórias se condensam e formam diamantes translúcidos. Por vezes, apenas e só quando os remorsos são cortantes, o sangue flui. Esses diamantes, esses mesmos que são memórias, tornam-se rubis escarlates. Pois bem, ele estudava a fundo a fundura da mente. Aprendeu lendo os livros, ouvindo os velhos, ouvindo os novos. Conversando consigo durante horas de meditação e não menos importante, olhando a Natureza. A noite e a luz, o negro do céu e o brilho dos astros, deram-lhe grandes lições sobre distância e imortalidade.

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História de um qualquer reencontro

O que se passou naquela primeira vez, quando resolvemos fugir até ao vazio de um montado, é uma memória que conservo num pequeno frasco à prova de luz para que nunca desapareça ou se estrague.

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Valor Acrescentado
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Sempre fui uma mulher de poucas palavras. Lembro-me que comecei a falar bastante tarde e os meus pais, preocupados com maus-olhados e outras doenças da época, levaram-me a um médico, por forma a curar-me da ausência de palavras. As ideias, essas não faltavam. Corriam pela minha cabeça como bandos de pássaros. Por vezes, contradiziam-se. As dúvidas surgiam. As questões aumentavam, no entanto as palavras, essas que pouco dizem quando ditas em alta voz, eram inexistentes, e para mim eram igualmente desnecessárias.

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Fantástico

Frequentemente desejo o Fantástico. Conduzir por uma estrada deserta durante a noite e avistar algo inexplicável. Luzes que pelo céu que me seguem; uma mulher na berma da estrada assustadoramente sensual, surgindo do nada, tal como uma assombração…

Sei que deveria andar neste mundo com uma bigorna pesada presa ao calcanhar. Constantemente divago pelas alturas da fantasia. Por vezes, fico preso em memórias ou receios. Inconscientemente construo um trajeto que acerta mesmo na muche do indesejável e penso: “Já fizeste merda outra vez” e pequenas fagulhas de metal incandescente jorram dos meus olhos.


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