A tua história

#

Terminei a tua história.

Para dizer a verdade nem foi muito difícil. Recordas-te quando voltámos do Porto e tu estavas cansada. Foste para a cama cedo. Nessa noite, sentei-me ao computador e comecei a escrever. Bebi vinho. Fiz várias pausas entre parágrafos e espreitei-te, deitada, dormindo pacificamente. Com o olhar, percorri as tuas pernas descobertas e as tuas cuecas, brancas e justas à pele. Por vezes respiravas fundo. Mexias-te ligeiramente ou coçavas o rabo e eu voltava a sentar-me ao computador. Fiz quase uma directa mas terminei.

Comecei por escrever o teu pescoço e deixei algumas pontuações na pele atrás das tuas orelhas. Com um parágrafo, muito suave, apenas tocando ao de leve como uma pena, percorri as tuas costas, as omoplatas. Acariciei o teu ombro direito. Respiraste profundamente. Ia jurar que fechaste os olhos mas não tenho a certeza portanto não o escrevi. Senti-te junto a mim. Tão próxima que o calor do teu corpo aqueceu o meu peito, a minha barriga e fiquei duro. Não podia desconcentrar-me agora que escrevia a tua história e as frases saltavam para o monitor como pipocas. Apareceram as palavras das tuas ancas e do teu rabo redondinho. Tu rias bastante à medida que eu escrevia sobre ele. Nesse momento voltaste-te e, cara a cara, respirámos um no outro. Foi altura de por um ponto final e pensar num novo capítulo.

A história ia avançando a passos de gigante e fui provocador. Escrevi com palavras ágeis e rápidas os teus seios. Os teus mamilos sempre deixaram os homens loucos, era o que me dizias, antes de seres minha. Nunca tive ciúmes. Neste capitulo escrevi também sobre o teu umbigo e como ele é pequeno, mas capaz de acolher uma pérola. A linha que te escrevi até à virilha foi a mais difícil. A delicadeza com que ela percorre o teu corpo é muito complexa. Faltaram-me palavras, fiz uma pausa, cusquei-te mais uma vez enquanto dormias. Estavas de pernas abertas e um dos teus seios, desnudo, apontava para o teto do nosso quarto. Ressonavas ligeiramente. Estavas apetitosa.

Quando voltei à história, já as tuas pernas se tinham escrito quase como que por magia apenas acrescentei as tuas coxas e ancas. Segurei-te com força porque sei que gostas. Eu sei que me sentiste duro junto ao teu rabo mas fingiste que não. Por vezes és assim.

Não iria resistir muito mais então, num golpe de mosqueteiro, comecei a percorrer a epiderme junto aos teus lábios. Nunca tens pelos ou, quando os tens, são pequeninos e suaves. Gostas que eu te lamba mas desta vez não o fiz. Escrevi sobre a tua cona de uma forma animal e com uma sede de alcoólico; dividido entre a sobriedade e o abismo da loucura. Escrevi sobre como o teu cheiro me excita. Dois dedos dentro de ti e sinto o calor característico do teu desejo, da tua vontade, sem quaisquer reticências. Nas frases seguintes, o suor que brotou nas tuas costas, o respirar profundo que antecede o fim, apareceram em palavras desconcertantes, confusas até.

Percebi que estavas perto, e tive a certeza quando desaguas-te intensamente e, mordendo-me o pescoço cravas-te-me as unhas nas costas. Eu aguentei a dor e senti o teu prazer. Amanhã poderei enviar o manuscrito para a editora, esperar que sejas espalhada pelo mundo, e eu sei como tu gostas de viajar...

Lisboa, 22 de fevereiro 2017
um Velho Pervertido