Perversões

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Tendinites no hotel

Um dia, João Peixe vadeava pelo Chiado quando decidiu beber um café no quiosque ali na praça Camões. Sentou-se na esplanada, o sol estava quente e queimava a pele, o café queimou a língua. Vítor estava algures no norte visitando familiares e Luísa, desaparecida há mais de uma semana, provavelmente ter-se-ia enamorado por mais um homem desinteressante com quem perdia tempo, deixando J.P. ao abandono e suscetível ao acaso dos encontros e desencontros.

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Chinesices

Os meus vizinhos chineses todos os dias saem de casa às sete da manhã e voltam às dezanove em ponto. Têm uma filha com cerca de vinte anos que fala perfeitamente português e o seu comportamento é bastante europeu, roçando o latino. Estuda numa universidade pois já a vi trajada, carregando uma pequena pasta que se assemelha a um testamento com capa de couro.

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Deusas e Deuses (machos e fêmeas)

Num acaso dos Deuses esbarrámos um no outro e na semana seguinte dormimos juntos. As vozes modificam-se quando fazemos amor, o respirar torna-se sincronizado e os lábios tocam-se na mesma frequência que a penetração. O pulsar dos sexos é a forma que os corpos têm para expressar desejo e a alma, mergulhada em delírio, apaixona-se e perde um pouco de si, passando então a fazer parte do outro. A fusão de almas é o mistério que ninguém nos revela e que pode ser penoso se gerido de forma indevida.

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Amigaram-se

Quando era criança, recordo ouvir os meus avós comentarem que determinada mulher, era agora amiga de determinado homem. "Amigaram-se", diziam. Essa expressão ficou-me na memória e uma enorme curiosidade em perceber a fundo o que realmente significa. Pelas minhas investigações um homem pode ser casado e amigar-se com a vizinha ou até com a cunhada.

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São traças

Tinha passado a noite numa daquelas associações centenárias, a beber bagaços e a conversar sobre tretas, com os velhotes do bairro. O senhor Manel contou-nos a sua história de quando arranjou uma puta de dezanove anos, tendo ele setenta e oito, que lhe fez trinta por uma linha. Eu sabia que eram tudo aldrabices mas a ideia de tal possibilidade era hilariante e o bagaço não parava de surgir na mesa. Foi uma noite perfeita para um dia de ressaca.

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O desejo do condenado

Em Portugal não existe pena de morte, mas por vezes imagino como seria essa realidade. Abrir o jornal e um cabeçalho enorme nas páginas centrais: “O desejo do condenado”. Seria um artigo sobre o seu último desejo, antes da pena capital ser aplicada.

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Madalena

No vazio dos dias em que não trabalha, os longos banhos com sais confortam o corpo usado. Gosta de sentir o perfume que purifica os pulmões. Sentir a suavidade da pele do joelho, da virilha, dos seios, tocar-se sem pressas, e sentir de novo o Prazer. E é nesta paz de espírito que Madalena recarrega a energia necessária para, noite, após noite, agradar os Homens.

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Abençoado (a minha benção)

Comecei muito novo.

Tinha dez anos quando vesti a batina e ajudei na missa. O acólito bem comportado que segura a bandeja prateada por baixo da boca dos fiéis, tendo como missão não deixar que, em caso de erro de fé, a Hóstia caia pecaminosamente no chão. Vestes brancas presas por uma corda.

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A noite passada

A noite passada J.P. acorda, é Vítor quem telefona.Quando atende ouve do outro lado da linha os gritos quase histéricos do camarada de noitadas e engates fáceis.

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Rosa

Rosa é advogada e vive perto do Rossio. É uma jovem mulher com pouco mais de 30 anos que partilha casa com uma sexagenária viúva, triste e com um pesadelo na vida ao qual chama Filha. Ambas aprendem uma com a outra os mistérios da Felicidade. Gosto muito da Rosa. É delicada, bonita, inteligente e tem tudo para ser uma mulher feliz, no entanto, guarda um segredo que em segredo me contou quando, certa noite, decidimos trocar promessas e juras de fidelidade.

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