Borla

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Já estava a ficar bêbado. Aqui bebem muita cerveja e parece que a fonte nunca seca. Não fiquei totalmente perdido na bebedeira, mas mijei umas quantas vezes. Senti aquele solavanco de vai não vai entre a sobriedade e a perda de racionalização.

Ele é mais novo uns quinze anos. Não que seja uma diferença estrondosa, como queda de rochas, ou avalanches. É mais como um ribeiro que seca, ou uma fraca corrente que luta contra rochas graníticas. Vive há uns tantos anos com a mulher que diz ser sua namorada. Uma seca…

Claro que as relações longas se tornam chatas se não existirem infeções, doenças e traições, camas com cheiros de outros corpos que não os do casal. É obvio! É necessário espevitar o pelo púbico.

A semana passada, num hotel chique, fodi uma miúda linda completamente bêbada. Eu não estava melhor. Fodi a meia haste e, ridiculamente, lambi-a durante muito tempo – o cú inclusive – para que não existissem dúvidas sobre a minha dedicação. Este desejo de satisfazer quem nunca satisfizemos faz-me pensar…

– Pelo que me contas a tua miúda é perfeita – disse eu enquanto emborcava a caneca de cerveja.

– Sim… mas… nunca me procura. Tenho que ser sempre eu a começar – respondeu-me com um olhar de quem procura salvação de um pecado que acabou de cometer.

– Ouve… fazes assim: – disse-lhe com a minha abordagem de pai que nunca fui – Chegas a casa, possivelmente ela estará a ver televisão, certo?

– Certo.

– Fode-a… Beija-a sem dizeres nada, despe-a, lambe-a e fode-a. Mas fode-a forte. Não como fazem durante a semana… quecas sem excitação…

– Ela não vai querer.

– Então isso será perfeito! – gritei efusivamente.

– Não percebo.

– Nessa altura poderás confrontá-la: Preferes ver televisão do que fazer amor comigo? Isso é doentio!

– Tu és diabólico – e deu mais um golo na cerveja.

Fui mijar mais uma vez. Quando passei pelo bar olho para as ancas da empregada que, inocentemente, expõe as pegas do amor por baixo de uma camisa preta que lhe fica curta.

– À meia noite tenho que estar em casa. Disse-lhe que não demoraria. – comentou ele enquanto quase terminava a caneca de cerveja. – Já é tarde. Ela estará na cama. Amanhã será dia de silêncio em casa.

– Como assim?

– Ela fica fodida comigo quando saio e a deixo sozinha em casa.

– Mas ela não quis vir pois não?

– Não quis… Nunca quer. – comentou ele com um olhar desanimado. Um olhar de quem adoraria foder esta empregada loirinha, de rabinho grande, que não para de me perturbar com as cervejas, pratos e olhares. Não percebo se são de interesse ou de fastio…

Estas mulheres são apenas espelhos. Apenas refletem aquilo que necessito e por isso, sem fazer grande esforço, finjo ser o homem perfeito. O homem perfeito para Elas. Não sou de todo perfeito para ninguém.

– Estou cansado. Ela nunca quer fazer nada. – disse ele quando terminou a caneca.

– Faz tu. Ela é tua mulher. Mostra-lhe isso. Fá-la sentir-se desejada – disse-lhe num tom paternal.

Ficámos em silêncio até que pedi a conta. A miúda com as mamas maiores trouxe um pratinho de madeira com a soma das cervejas que bebemos. A conversa foi de borla.

Kutna-Hora, 06 de dezembro 2016
um Velho Pervertido