Alexandre (O grande)
Pedi-lhe para contar a melhor história que tivesse vivido, Alexandre sorriu e sentou-se à minha frente.
- Quero que me contes todos os detalhes, quero escrever essa história.
- Oh filho, tenho tantas, não terás cabeça para as decorar, nem dedos para as escrever - disse-me, troçando da minha curiosidade.
Cruzou a perna e, numa pose sensual e provocadora, prosseguiu:
- Tinha dezoito anos. Conheci-o no banco, ele era o gerente, e assim que os nossos olhares se cruzaram senti que não se tratava apenas de créditos e débitos. Havia um desejo naquela mirada. As suas mãos eram grandes e uma aliança havia deixado uma mancha mais clara na pele. O dedo ostentava uma argola branca de divórcio.
Preenchi papelada, facultei o meu nome completo, contacto telefónico, e, quando no rodapé de um formulário tive que assinar, a sua mão sobre a minha indicou-me o espaço que deveria ser preenchido. Um arrepio trepou por mim, ericei-me como uma gata desavergonhada.
- A voz dele era rouca. Uma voz de homem ‘tás a ver? – Comenta, enquanto faz um cigarro fino e comprido.
Quando a burocracia terminou, e todos os papéis eram uma pilha de restos mortais de árvores, o tesudo do gerente comenta que às sete horas o banco ia fechar e que ficaria deserto. Apenas ele tinha que fazer mais algumas horas, pois estava atrasado num relatório importante. Percebi imediatamente que era um convite. As minhas pernas fraquejaram e o meu pau ficou ligeiramente duro. O meu cúzinho contraiu-se como uma miúda envergonhada.
Quando passei pelas portas giratórias, tive a certeza que voltaria. Eram cinco da tarde, onde é que iria queimar tempo até às sete? Fiquei num daqueles bancos da Avenida da Liberdade a imaginar... Nesse universo da fantasia fiquei, preso com amarras de desejos. Que vontade de ser a putinha daquele homem. Quero que me faça tudo, sem constrangimentos ou barreiras, tal como o sexo e o desejo devem ser.
Alexandre parou enquanto apagava o cigarro no cinzeiro, absorto em pensamentos, de certeza, perversos. Tentei imaginar o que seria sentir tesão por um homem. Não consegui, mas a história era fascinante e o entusiasmo com que ele revivia o episódio deixava qualquer ouvinte preso a cada palavra.
- Suava das palmas das mãos quando empurrei a porta que ele destrancara. Entrei no banco. Vazio, enorme, incrivelmente limpo e brilhante, como um palácio. As poltronas de cabedal negro aguardavam as próximas transacções. Imaginei-me em cima dele num daqueles tronos, cavalgando como quem procura o lucro e o rendimento máximo.
Alexandre riu-se com malícia.
- Entrámos no seu gabinete. Uns documentos espalhados por cima da secretária foram habilmente amontoados e enxovalhados numa pasta negra que ficou esquecida num pequeno banco no canto da sala.
- Chegaste em boa hora. Afinal consegui terminar o que tinha pendente e tenho agora mais tempo livre - olhou-me pelo topo dos olhos enquanto, debruçado na secretaria, arrumava os últimos post-its. - Queres um café ou algo para beber?
- Não, estou bem – respondi, mordendo o lábio de desejo ao reparar como as calças de fato lhe assentavam nas pernas e realçavam o seu “pacote”. Os contornos do seu corpo corporativo estavam a deixar-me esfomeado e não queria empatar mais tempo com conversas de circunstância.
Empurrei-o de encontro à cadeira da secretária e sentei-me ao seu colo. Beijámo-nos com vontade. Lábios e línguas enroladas numa cumplicidade inata. Quando apertou o meu rabo disse-me assim ao ouvido: - Quero que me trates por paizinho. – exemplificou Alexandre murmurando com uma cara velhaca.
Eu gostei da proposta e alinhei no jogo:
- Paizinho... Portei-me muito mal hoje. Vais-me castigar paizinho?
Senti-o crescer e a ficar duro. Quando lhe tirei o pau para fora, reparei como era enorme e cheio de veias. Um caralho bem gostoso que lambi e engoli como se fosse a última ceia. Que pecado de desejo e que vontade. Cuspi naquela pila majestosa e massajei-a bem.
- Ai paizinho, adoro o teu pau. Gostas que te chupe assim? Gostas?
O gerente gemeu subtilmente, tal como um homem geme. Com desejo controlado e vontade libertada a conta gotas.
- Não conversaram muito... foi logo assim? Comeram-se sem rodeios... - comentei e Alexandre riu em concórdia.
- Queres saber o resto?
- Claro. Que se passou depois?
Alexandre continua o relato da sua experiência financeira:
- Quando o senti latejar fiquei muito excitado, lambi os dedos e molhei o meu olhinho pulsante. Sentei-me no pau duro do gerente que respirou fundo, enquanto eu o enfiava no meu cu apertadinho. Cavalguei-o lentamente e fui cuspindo e humedecendo o seu caralho. Ele começou a ficar doido e, apoderando-se das minhas ancas, acelerou as bombadas.
- Tenho umas ancas muito femininas. Sabias? - comentou Alex e continuou...
Deitou-me na secretária e fodeu-me ali mesmo, na sombra dos pedidos de empréstimo e das negociatas de compra e venda de acções de outros bancos. - Paizinho fode-me, fode-me, dizia-lhe fazendo com que a excitação chegasse a um nível capaz de deixar maluco qualquer homem são. Adorei cada penetração até que...
- Quero que me chupes, até me vir, minha putinha - diz-me o gerente, e sem respeito, subjuga-me de joelhos mesmo à sua frente. Ele veio-se após esfregar aquele pau umas tantas vezes e aquele leitinho capitalista cobriu a minha cara. Adoro levar com leitinho na cara, dizem que faz bem à pele.
No final da tarde, já todos estávamos trocados de vinhos e cervejas, vim-me embora e trouxe no bolso esta história do Alexandre.
Foi a única vez que ele e o gerente do banco estiveram juntos e, anos depois, a crise rebentou em Portugal. Talvez esta foda tenha tido alguma influência no mundo financeiro. Pelo menos quero acreditar que sim.
Ilustração por: Jaime Ruela