Sem título

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- Está mole.

- Espera, deixa-me chupar-te – colocando-se de joelho junto a ele, salivando e cuspindo na mão.

Algumas lambidelas e reflexo de vómito depois:

- Anda, vem para cima de mim – pede ele já sentado numa poltrona de cabedal negro.

E ela foi penetrada pelo poder másculo do seu membro. O calor dos fluídos excitam-no bastante. A dor da penetração, aquela que estica a pele e magoa, é deliciosa.

- Deixa-me foder-te por trás – diz ele ao mesmo tempo que se levanta e a coloca de joelhos na poltrona.

- Ah hum… Fode-me mais rápido… sim… isso… - geme ela enquanto ele observa como ficam bem no espelho.

- Estou-me a vir, posso? – pergunta ele.

- Sim.. Sim… vem-te todinho.

E a esporra escorre pelas costas dela como rios de leite.

Os momentos seguintes são calmos e arfantes. Na cama, junto à poltrona, deitados olhando o teto, abraçando-se mutuamente num autêntico cenário de apaixonados, viajam pelos fugazes pensamentos que lhes turvam a Presença.

Ela levanta-se e vai até á casa de banho. O ritual da limpeza da vulva, das costas esporradas, da boca com sabor a pénis… Senta-se e mija demoradamente. Sente o calor da urina percorrer a uretra e desaguar na sanita fria. O arrepio percorre as costas, e até os mamilos tremelicam numa mistura de desconforto e prazer. – Gosto bastante dele – pensa ao mesmo tempo que com um pouco de papel limpa os lábios da vagina ainda sensível. Boceja com um pouco de elixir com sabor a mentol e volta para o quarto.

Quando se aproxima da cama, ele, deitado, observa como ela se desloca. Os seios são pequenos mas desenhados com uma perfeição inenarrável.- O sorriso de velhaca é tão sexy – pensa ele, provocando uma pequena contração no pénis.

As conversas que não se têm, as que se pensam e por ali ficam no éter do pensamento, são as mais honestas mas também as mais perigosas. Este eco da alma, que também se manifesta durante uma queca, pode ser traiçoeiro. Aconselho extrema cautela aos mais inexperientes e sensíveis! Pensar enquanto se fode é um erro tremendo. O sexo não se pensa… sente-se.

A mais pequena formiga do pensamento poderá tornar-se um gigantesco monstro capaz de destruir cidades, países, planetas ou Amores.

As unhas dela são longas e quando suavemente passam pelas costas dele, o arrepio é inevitável mas também desejado. – Desejo-a tanto – pensa ele enquanto o seu pénis recomeça lentamente a insuflar de sangue. Certamente originará uma ereção orgásmica. Quando o desejo é grande, o homem pode tornar-se um empalador do prazer. A mulher, por seu lado, gera em si todo o fluido do mundo, o oceano da vida brota na sua vagina. A junção de ambos é o expoente máximo da natureza divina que existe no erro cósmico que é a vida. Mas nós os Homens, velhacos e sabidos destas coisas da biologia, tivemos a esperteza de desenvolver aquele extra sentido a que chamamos Prazer. A natureza não baixa os braços e, em contra resposta, nutre o nosso cérebro de um espírito com expectativas e julgamentos, mesmo à flor dos neurónios. Os pensamentos, as dúvidas e as inseguranças funcionam como travões ao desejo e à entrega.

E eles fodem novamente. Sexo suado (existe outro?), orgasmos ordenadamente prazerosos, primeira ela depois ele. Os diálogos durante penetrações e picos de deleite são autênticos poemas de amor:

- Estás tão molhada – diz ele.

- Estás tão duro – diz ela.

- É tão bom – diz ele.

- Mete mais fundo – diz ela e geme.

Quando os corpos cansados e todo o desejo escorreu em fluidos vaginais e esperma, o olhar torna-se mais baço e a sonolência reconfortante invade-os. Adormecem apenas por breves momentos. Após um relâmpago de realidade e consciência a atingir na testa, ela levanta-se e veste-se como que seguindo um procedimento testado diversas vezes até atingir o nível máximo de eficiência. Ele beija-a no ombro quando ela, sentada na cama, calça as longas meias pretas que chegam até ao joelho.

- Vou ter que ir – diz ela – o meu marido deve estar a chegar a casa.

Lisboa, 19 de abril 2016
um Velho Pervertido