Chinesices

#

Os meus vizinhos chineses todos os dias saem de casa às sete da manhã e voltam às dezanove em ponto. Têm uma filha com cerca de vinte anos que fala perfeitamente português e o seu comportamento é bastante europeu, roçando o latino. Estuda numa universidade pois já a vi trajada, carregando uma pequena pasta que se assemelha a um testamento com capa de couro.

Nos quatro anos que vivo neste apartamento vi como ela se foi transformando em mulher, como os seios foram crescendo, como o olhar foi mudando conforme as estações, simultaneamente a sua pele, foi-se tornando um lençol de ouro que a cobre da cabeça aos pés. As conversas de circunstância, tais como: bom dia, boa tarde, obrigado, são as poucas palavras que ouvi fluírem dos seus pequenos lábios. Sempre que veste minissaias apertadas, salientando as ancas não muito largas e o rabo redondo, rebola como se passeasse por uma passarela.

No dia em que os seus pais me pediram ajuda para transportar alguns móveis do rés do chão para o segundo andar, passei algum tempo no seu apartamento e por acidente, no momento em que ia lavar as mãos, percorri um corredor onde uma porta semifechada me despertou a curiosidade. Ouvi um ténue e ofegante gemido e sentindo um desejo mais forte que a minha razão cusquei pelas brechas da porta. Chau estava deitada, nua na sua cama, tocando-se e brincando com um vibrador do tamanho de uma média. Os seus lábios vaginais eram de certa forma feios, a sua vulva assemelhava-se a uma boca de lábios carnudos que haviam falado bastante e pendiam cansados. Os seus pequenos seios com mamilos cor de rosa, apontavam para o teto como se de antenas se tratassem. Conseguia sentir o coração de Chau que acelerava a cada penetração do brinquedo. A euforia de ver esta jovem mulher excitada e o brilho dos seus fluidos no vibrador que, lentamente, entrava e saía de dentro dela, provocaram em mim um calor que vem de dentro, como um bagaço que desce pela goela. A luta interna, entre a moral que me obriga a ignorar este desejo e a perversão de possui-la, intensifica-se quando Chau se apercebe que eu a observo e com a tranquilidade de uma mulher madura, olhou-me nos olhos ao mesmo tempo que se penetrou com maior profundidade. Lambeu os lábios, eu toquei-me por cima das calças, ficámos nesta troca de olhares uns segundos até que ela, lambendo os dedos, fez-me sinal para entrar no quarto. Desaperta-me as calças e chupa-me de boca cheia, emitindo ao mesmo tempo uns gemidos de cachorrinha que esfomeada pede por leite. As cortinas do quarto eram de um azul bebé muito suave, ouvi na sala, os seus pais que conversavam numa língua que eu não entendia, quando a realidade me atingiu e os conflitos intensificaram-se ao mesmo tempo que ela me chupava mais fundo deixando-me mais duro e molhado. A sua mão era pequena e eu senti-me gigante, senti o seu cheiro de excitação e na cozinha, os pais dela, os meus vizinhos, cozinhavam algo que muito provavelmente seria um prato em chapa quente. A temperatura aumentava, os pais dela gritavam um com o outro, possivelmente por erros na receita. Chau gemia enquanto penetrava os seus pequenos dedos na vulva molhada e o meu pénis desaparecia na sua pequena garganta. O sentimento de que esta situação não era correta fez-me sentir o peso do céu na cabeça, um arrepio frio na nuca que se dissipou pelo cérebro, inundando de êxtase as memórias. Vim-me na sua boca, dando origem a um pequeno lago de leite e a população do mundo inteiro desapareceu pela sua garganta. Até à última gota. O aroma de molho de soja característico dos restaurantes chineses invade a casa, o chop suey estava pronto.

Lisboa, 18 de janeiro 2016
um Velho Pervertido